terça-feira, 22 de dezembro de 2009

AC/DC - Powerage (1976)


Como sou uma cara de palavra, aqui está o álbum do AC/DC que eu fiquei de disponibilizar pra vocês! "Powerage" vem direto de 1978, quando o grupo, para grande parte dos fãs, vivia plenamente a sua formação mais consagrada, com certeza em razão, principalmente, da inesquecível voz de Bon Scott. E não é à toa, pois não poderia haver uma figura melhor para o posto de frontman do que Bon, que encarnava perfeitamente o espírito machista e totalmente sem frescuras do AC/DC, antítese ao purpurinado Dave Evans, o primeiro a assumir os vocais, em 1973.
Bon Scott nasceu na Escócia, assim como os irmãos Malcolm e Angus Young, fundadores e mentores da banda. Mera coincidência, pois o contato entre eles só se daria em 1974, na Austrália, para onde suas famílias se mudaram quando ainda eram crianças. Fazendo jus ao já comentado espírito da banda, com apenas 15 anos Bon já tinha largado o colégio e passado a trabalhar em qualquer emprego subalterno que encontrasse pela frente. Ainda adolescente ele já havia passado um curto tempo na prisão e alguns meses em uma cadeia para jovens infratores. Quando Bon tentou se alistar no exército australiano, foi recusado sob alegação de ser "socialmente mal ajustado".
Não! Bon Scott não era apenas um maluco inconsequente, ele também era músico (hahah é, talvez eu esteja sendo meio redundante...). Ele tocava bateria e, obviamente, cantava, tendo integrado bandas não muito bem sucedidas como The Spektors, The Valentines e Fraternity. Após deixar o Fraternity e ter sofrido um grave acidente de moto, ele arranjou um novo "bico" como motorista do AC/DC e, posteriormente, quando ninguém mais na banda aguentava Dave Evans, Bon se mostrou interessado em substituí-lo.
A partir daí, o AC/DC inicia sua decolagem, que culmina em 1980, quando a banda finalmente se consagra nos Estados Unidos e se torna, definitivamente, uma gigante do rock. Mas Bon Scott já não estava mais entre nós, tendo morrido em fevereiro do mesmo ano por asfixia em seu próprio vômito, após uma rotineira noite de bebedeira. Logo, o sucesso de "Back In Black", um álbum em sua homenagem, o segundo mais vendido da história, foi uma incrível ressurreição do grupo, fortemente incentivada pela mãe do falecido vocalista, trazendo em seu lugar o veterano Brian Johnson (ex-Geordie).
A chamada "Era Bon" do AC/DC foi impecável, mantendo uma linearidade de discos clássicos desde 1975 até 1979. Fazem parte dessa época, em ordem cronológica, os álbuns "High Voltage", "T.N.T." (para o lançamento fora da Austrália, esses dois álbuns foram enxugados e sintetizados em um só, com o nome de "High Voltage"), "Dirty Deeds Done Dirt Cheap", "Let There Be Rock" (ambos, também, com versões australianas diferentes), "Powerage", "If You Want Blood You've Got It" (ao vivo) e "Highway to Hell".
O disco de hoje, "Powerage", é, para mim, o segundo melhor com Bon Scott como vocalista, atrás, apenas, do épico "Highway to Hell". Não por ter sido um dos mais vendidos ou por trazer um maior número de clássicos, mas por, ao meu ver, consolidar de uma vez por todas a personalidade do AC/DC, trazendo um repertório pesado, bem trabalhado e inspirado. Nenhuma música merece destaque em particular, pois o álbum é arrepiante do início ao fim, mas vale a pena citar faixas como "Rock N' Roll Damnation", "Riff Raff" e "Sin City" como algumas das mais memoráveis da carreira do grupo.

(1978) Powerage

1 - Rock N' Roll Damnation
2 - Don't Payment Blues
3 - Gimme a Bullet
4 - Riff Raff
5 - Sin City
6 - What's Next To The Moon
7 - Gone Shootin'
8 - Up To My Neck In You
9 - Kicked In The Teeth


Eu sei que isso não faz diferença alguma pra ninguém, mas só quero avisar que tirarei, a partir de hoje, umas pequenas férias do blog, pois sexta-feira vou pra Salvador e só estarei de volta no dia 05 de janeiro, com certeza com muitas novidades. Então, espero que, até lá, vocês todos já estejam viciados em AC/DC!
Tenham um feliz natal e uma maravilhosa virada de ano!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Por trás de seus olhos

Antes que você vá embora,
Eu só queria entender o que está por trás de seus olhos.
Qual é o som que você mais gosta?
O que te faz soltar a mais escandalosa gargalhada?
O que te deixa arrepiada?
Queria entender a graça:
Tendo-a inteira aos meus braços,
Criando instáveis laços,
Percebendo o calor dos seus lábios,
Sinto, apenas, o nulo, o nada.
Ao mesmo tempo, o desejo cresce,
A curiosidade mata.

Não me importo com o contexto,
Só quero poder admirá-la,
Olhar no fundo de seus olhos
E saber o que se passa.
Quais são as suas paixões?
Qual o mote que te faz divagar?
No final, eu me acabo em imaginar,
Me torturo tentando te decifrar,
Me frustro por nunca chegar lá.
E aí você vai embora e eu procuro um outro par.
Torno a me intrigar.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Pra quem nunca foi a um verdadeiro show de rock n' roll

27 de novembro de 2009. É até difícil expressar o quanto eu esperei por esse dia... AC/DC no Brasil, porra!! Eu já escutei tanto a discografia desses caras, já balancei tanto a cabeça com vídeos de shows ao longo dos seus 36 anos de carreira, já perdi tanto tempo na internet procurando os seus B-sides e bootlegs mais mirabolantes, pesquisando, lendo e relendo uma infinidade de versões da sua biografia que, afinal, é óbvio que esse show seria o melhor da minha vida!
Em sua visita ao Brasil, o AC/DC realizou um único show no Estádio do Morumbi, em São Paulo, como parte da turnê de seu álbum mais recente, "Black Ice", de 2008. Essa foi a terceira vez em que a banda se apresentou aqui, sendo a primeira em 1985, no Rock In Rio I, e a segunda em 1996, no Estádio do Pacaembú, em São Paulo, e na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba. Seus integrantes são Brian Johnson (vocal), que substituiu Bon Scott em 1980, após sua morte, Angus Young (guitarra solo), Malcolm Young (guitarra rítmica e backing vocals), Cliff Williams (baixo e backing vocals) e Phil Rudd (bateria).
Os irmãos Young formaram o AC/DC na Austrália, em 1973, e criaram uma sonoridade que segue, desde os primórdios, uma fórmula simples e eficiente: um rock n' roll cru, pesado, que gira em torno de riffs de guitarra bem grudentos e que ganha grandes proporções ao vivo, principalmente em função da performance epilética de Angus. As letras, divertidas e descompromissadas, falam, basicamente, de sexo e rock n' roll.
Tudo bem, eu posso ser bem suspeito pra falar, mas, já que é assim, perguntem a qualquer um que estava lá. O chão tremeu, o público foi ao delírio, é uma unanimidade: 65 mil pessoas arrepiadas com a performance e a potência do som do AC/DC. É só refletir um pouco. Para ajudá-los, contarei o que vi com os meus próprios olhos.
Depois de 22 minutos de tortura assistindo o show de abertura com Andreas Kisser (Sepultura) na guitarra e Nasi (ex-Ira!) no vocal, a ansiedade crescia, pairando no ar um clima de "não acredito que estou aqui". Finalmente, as luzes se apagaram e começou o desenho animado de introdução no telão. Corria pelos trilhos uma sinistra locomotiva a vapor com o logo do AC/DC, comandada por Angus Young na sua forma clássica de diabinho. Duas mulheres gostosas invadiram o vagão onde Angus alimentava a caldeira, o seduziram e o nocaltearam para tentar frear a maria-fumaça. O freio-de-mão acabou quebrando em suas mãos, as moças saltaram e o veículo seguiu, desgovernado, em direção ao telão até se chocar. Houve uma explosão, o telão central se abriu e, dele, surgiu um enorme trem que invadiu o palco, enquanto, finalmente, a banda entrava, abrindo o show com o carro-chefe da turnê: "Rock N' Roll Train", do álbum "Black Ice". O estádio vibrou ao ver o já quinquagenário guitarrista com seu emblemático uniforme escolar e o sexagenário Brian Johnson esbanjando carisma e presença.
Após a primeira música, que considero um mero aquecimento, começou a metralhadora de clássicos que dissolviam apenas mais três canções do último disco. Logo em seguida, veio "Hell Ain't a Bad Place To Be", do álbum "Let There Be Rock", de 1977, tempo em que Bon Scott ainda era o frontman e o AC/DC tocava em pequenos clubes na primeira turnê européia. Tudo já estava perfeito quando Angus lançou o riff de "Back In Black", do disco homônimo, de 1980, provavelmente o maior sucesso do grupo, e o estádio começou o que parecia um orgasmo coletivo.
A partir daí, algumas músicas merecem um comentário especial como pontos altíssimos do show. "The Jack", do álbum "High Voltage", de 1975, foi uma delas. O blues, que na versão de estúdio teve sua letra censurada e travestida em um jogo de cartas ("Jack" significa "valete", em inglês), é cantado, ao vivo, com sua letra original, onde "Jack" é uma expressão usada para denominar uma doença venérea, numa época em que os membros da banda eram obrigados a dividir as mesmas mulheres e acabavam todos contaminados. Cá entre nós, total baixaria hahaha... Enquanto o AC/DC incendiava o público com o clássico, algumas mulheres da platéia apareciam em "close" no telão, e muito satisfeitas, diga-se de passagem. O mesmo aconteceu durante a não menos clássica "You Shook Me All Night Long", do "Back In Black". Apesar do esforço masculino para fazer alguma delas mostrar os "peitinhos", o máximo que conseguimos foi um sutiã, infelizmente. "The Jack" também foi a música escolhida da vez como trilha sonora do velho e popular "strip-tease" de Angus Young. Já se foi o tempo em que ele mostrava a bunda (que alívio...), hoje em dia uma cueca com o logo da banda já basta.
Imediatamente após "The Jack", o sino gigante existente no teto do palco começou a descer, levando a galera à loucura. Brian, num pique, saltava e se pendurava na corda, badalando o que prevê o início de "Hell's Bells", mais uma do "Back In Black", momento marcante em qualquer show dos caras.
"War Machine", do "Black Ice", foi uma grande sacada dessa turnê. Durante a música, uma das melhores do disco, passava, no telão, uma animação em que um avião caça fazia um bombardeio de guitarras e mulheres. Vocês vão pensar "que coisa tosca", mas existe algo mais "AC/DC" que isso?? Pra mim, é genial!
Agora, vamos para as últimas da noite:
"Whole Lotta Rosie", do "Let There Be Rock", fala de uma mulher da Tasmânia com a qual Bon se relacionou que, apesar de ser um peso pesado, era um furacão na cama, segundo a letra. Por isso, quando soou o riff de guitarra, o palco cedeu lugar a uma boneca Rosie gigante, que ficou montada em cima do trem até o fim da música.
Em sequência, atacaram com "Let There Be Rock", do álbum homônimo, um dos hinos da banda. A música contou com um solo de guitarra mais do que prolongado, o que faz parte da fórmula dos shows desde muito tempo, hora em que Angus interage de modo impecável com a multidão.
Brian, então, deu um breve obrigado e eles se retiraram do palco, esperando o óbvio pedido sedento de "bis" dos fãs. Depois de bastante suspense, uma fumaça tomou conta do palco e o nosso guitarrista de 1 metro e meio surgiu do chão tocando o riff de "Highway to Hell", do álbum homônimo, de 1979, fazendo o Morumbi inteiro pular.
E, fechando com chave de ouro, o AC/DC encerrou a noite com a rotineira, mas absolutamente necessária, "For Those About To Rock (We Salute You)", também faixa-título do álbum de mesmo nome, de 1981, que, dentre todas as qualidades, possui uma das letras mais simbólicas do rock. E, é claro, não poderiam faltar os bons e velhos canhões emergindo no palco e fazendo disparos durante a calorosa saideira. Após o término do show, ainda houve um lindo espetáculo de fogos.


Aqui está a setlist:

1) Intro / Rock N' Roll Train
2) Hell Ain't a Bad Place To Be
3) Back In Black
4) Big Jack
5) Dirty Deeds And The Done Dirt Cheap
6) Shot Down In Flames
7) Thunderstruck
8) Black Ice
9) The Jack
10) Hell's Bells
11) Shoot To Thrill
12) War Machine
13) Dog Eat Dog
14) You Shook Me All Night Long
15) T.N.T.
16) Whole Lotta Rosie
17) Let There Be Rock
18) Highway to Hell
19) For Those About To Rock (We Salute You)


Tomara que, depois de ter escrito tanto, eu tenha conseguido inspirar algum leitor a ouvir AC/DC! Mas, não seja por isso... Na próxima vez em que eu passar por aqui, postarei um álbum inteirinho pra vocês baixarem!
Até lá!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Drogas!! Chega de dar murro em ponta de faca!

Já chega de idiotisse e conservadorismo barato. É tempo de pôr fim na guerra civil irracional em que vivemos (não tão irracional para os que insistem em alimentá-la, obviamente). Sem sombra de dúvida, os interesses da nossa podre política são grandes demais para que isso aconteça, mas eu creio que a sociedade é capaz de se conscientizar em algum momento a respeito dos valores atrasados que carrega consigo há tantas e tantas décadas. Ela ainda há de cobrar o que deve ser cobrado!
Dessa vez, vou dar voz ao jornalista André Balocco. Esse cara escreveu um artigo em seu blog no site do Jornal do Brasil e se colocou de maneira impecável sobre o assunto, confira só:

Temporão está certo: o uso de drogas é questão de saúde

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, deu a melhor contribuição ao debate sobre drogas que venho carregando aqui, a duras penas, diga-se de passagem, ao afirmar que o foco deve sair da repressão para a saúde. Bingo! Temporão sabe do que está falando. Lá atrás, mas lá atrás mesmo, num dos meus primeiros posts, disse com todas as palavras que o uso de drogas era mesmo uma questão de saúde - e que se o uso de maconha fosse descriminalizado, as autoridades deveriam abrir várias clínicas para dependentes químicos, por causa da quantidade de zumbis que cresceria verticalmente com tal medida. Fui atacado impiedosamente e um dos argumentos utilizados era o de que não tinha qualquer embasamento para fazer a afirmação. Então, desafio àqueles que me atacaram a questionarem a autoridade máxima deste país na questão, o ministro da Saúde.

Temporão cansou de ver trilhões de dólares gastos no trabalho de repressão sem que isso contenha o crescimento do consumo. Ao mesmo tempo em que aumentam os sinais de que parte da sociedade decidiu enfiar a cabeça na terra, dar uma de avestruz e fugir das responsabilidades usando drogas, crescem também as insanidades geradas pelo uso abusivo das mesmas - lembrem-se do jovem Bruno, que estrangulou a namorada durante um surto após usar crack.

Conheço muitas pessoas que batem no peito e avisam: só por hoje não usam nenhuma substância química que alterem seu humor - muito menos o álcool, que para eles, e para mim, é a pior das drogas, já que chega sorrateiro, acenando para a juventude com a perda da timidez nas 'baladas' (ou night, se você for das antigas), e termina da maneira que sabemos. Amigos, queridos blogueiros leitores, inimigos, é impossível não associar o uso da primeira dose com o desenvolvimento da doença da dependência química, ou vício, se você assim preferir falar. Só fica viciado quem fuma um baseado pela primeira vez, quem bebe uma dose de álcool pela primeira vez. Se a sociedade se conscientizar que o álcool e as drogas fazem mais mal do que bem às pessoas, o foco pode sim mudar da repressão para a saúde. Se se isso acontecer, os trilhões de dólares devem ser gastos na criação de clínicas para dependentes químicos, capazes de conter a compulsão dos usuários, e em campanhas fortes e maciças de educação sobre os malefícios da mesma, evitando que crianças e jovens caiam neste conto.

Esta é mais uma modesta contribuição minha para o debate. Por favor, sem ataques pessoais. Já sofri o suficiente na minha vida. Abs

domingo, 8 de novembro de 2009

Solana - Feliz, Feliz (2008)


Galera, peço perdão a vocês, os poucos frequentadores desse singelo blog, pelo tempo que eu acabei ficando sem postar. O problema é que meu computador sempre escolhe essa época do ano para quebrar, já tava na hora mesmo!
Mas, enfim... percebi, ao fazer o login no 4shared, que o número de downloads dos discos que venho postando aumentou bastante e fiquei muito empolgado. Fico, realmente, muito feliz por haver gente que, verdadeiramente, se interessa pelo material do Espelho Translúcido! Muito obrigado!

O disco de hoje é de uma banda capixaba de rock alternativo, indicada pela minha amiga Natália, chamada Solana.
Formado por Juliano Gauche (voz, violão e guitarra), Murilo Abreu (voz e contra-baixo), Rodolfo Simor (guitarra e violão) e Bento Abreu (bateria), o Solana deu as caras no ano de 2003, em Vitória, com o seu primeiro disco, "Quanto Mais Pressa Mais Devagar", e revelou um pop/rock com muita personalidade e letras extremamente sensíveis e poéticas. Daí, houve um hiato de 5 anos sem inéditas que deu brecha para a banda aprimorar-se ainda mais e ir bem mais fundo em seu novo projeto.
"Feliz, Feliz", de 2008, foi disponibilizado para download gratuito no site da banda e é uma revelação exorbitante, tendo sido de enorme inspiração para mim. O disco é muito experimental, totalmente fora dos padrões, mas não chega a ser louco, e sim, ousado, apresentando uma sonoridade inteligente e tocante. As letras assumiram uma linguagem ainda mais próxima da linguagem literária, e os títulos, exceto os das faixas 4 e 7, foram, inclusive, tirados do livro "Os Trabalhadores do Mar", de Victor Hugo. Do repertório, dou destaque para "Para tua mulher quando te casares", "A melodia de Bonny Dundee", "O interior de um edifício debaixo do mar" e "Alegria cercada de angústia".
Em 2009, o Solana iniciou a turnê de seu novo show, chamado "Veneza", que inclui as músicas do último disco e mais 11 novas canções que serão gravadas no próximo álbum, homônimo, da banda. E, enquanto isso, nós fãs esperamos ansiosamente e vamos nos satisfazendo com os vídeos que saem na internet.

(2008) Feliz, Feliz

1 - Para tua mulher quando te casares
2 - A melodia de Bonny Dundee
3 - As perfeições do desastre
4 - Outro dia assim
5 - Deruchett
6 - Os ventos do Largo
7 - Sob o que não quer mais
8 - O interior de um edifício debaixo do mar
9 - Alegria cercada de angústia


Espero que vocês curtam!

sábado, 17 de outubro de 2009

Coração Senil

Enquanto toma seu café
E deixa ambiente o som do jazz,
Relaxa,
Ou, no mínimo, acalma seus complexos.
Mas por que, Deus, tantos complexos?
Talvez pelo medo constante da solidão,
Ou, quem sabe, por síndrome da rejeição.

Ah, façam-me um favor!
Não sejamos tolos,
Muito menos levianos.
Não subestimemos um espírito esclarecido!

É fato que a solidão é uma carga
E, obviamente, causa seus danos.
Inevitável.
Entretanto, é preciso se conformar
Do quão pior é, para ele,
Estar fora do seu lugar
E não ter o dom de camalear.

Com isso, o que mais lhe pesa é a coragem
De assumir seu coração senil,
Que, excêntrico e melindroso,
Diz e se contradiz,
Dialética que não maltrata, não fere, não dói.
É o rumo singular para uma vida feliz.
Mas como pesa...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

?

Por que levar tudo tão a sério?
Afinal, não há nada com o que se preocupar, certo?
Estou bem confortável, tenho a vida feita! Carro na garagem. Matrícula na academia. Emprego garantido. Em janeiro, Disney! Ah, como é bom viver em paz...
As coisas são assim, eu aqui cuido do que me importa. E eles lá no cerrado... ah, porque levar tudo tão a sério?
É perda de tempo esquentar a cabeça quando se pode, simplesmente, aprender as regras do jogo. O mundo gira independente de mim. O Executivo governa. O Legislativo legisla. O Judiciário julga. A polícia prende. A imprensa informa.
Não vou ser hipócrita e dizer que não há falhas nesse processo, mas meu carro ainda está lá na garagem, então, não há nada tão grave assim... Mas, mesmo assim, sou um cidadão ativo e me mantenho sempre informado. É sério, eu li na Veja. Ah, e se não fosse o Diogo Mainardi me dando os toques... O Lula é mesmo uma anta! Como pode? Estatizar o pré-sal!?
Em 2010, Serra para presidente! Vamos salvar o Brasil!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Toninho Horta - Diamond Land (1988)

"Diamond Land" foi o disco que, finalmente, fez com que Toninho Horta conquistasse o mercado dos EUA.
Para quem não sabe, Toninho Horta é um dos ícones mineiros da música brasileira. Ainda nos anos 70, o guitarrista já era uma referência nacional, principalmente após ter gravado com Elis Regina e ter integrado o Clube da Esquina, juntamente com os conterrâneos Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Wagner Tiso, Fernando Brant, entre outros. Também não demorou muito para que o seu trabalho começasse a ser apreciado por músicos estrangeiros, e, já que toquei no assunto, não há como não citar o famoso guitarrista de jazz, Pat Metheny, como um verdadeiro apóstolo de Toninho Horta.
Convenhamos que é um pecado que um músico extraordinário como Toninho, tendo reconhecimento internacional e integrando inúmeras listas como um dos guitarristas mais influentes do jazz mundial, receba tão pouco destaque em seu próprio país. Por isso, ouçam o disco que estou postando hoje, é um carinho para os ouvidos. Ao contrário dos seus lançamentos nacionais anteriores, "Diamond Land" é um álbum totalmente instrumental, com exceção, apenas, da última faixa, "Broken Kiss" (a clássica "Beijo Partido", já eternizada por Milton Nascimento em seu álbum de 1975, "Minas", e composta por Toninho Horta). Falando nisso, outras faixas com o nome disfarçado são "Sunflower", que é, nada mais, nada menos, que "Um Girassol da Cor de Seu Cabelo", de Lô Borges e Márcio Borges, e a própria faixa-título, que corresponde a "Diamantina", do violonista mineiro Juarez Moreira.
Não vou dar destaque a nenhuma faixa em especial pois, sinceramente, o álbum inteiro é maravilhoso.

(1988) Diamond Land

1 - Mountain Flight (Toninho Horta)
2 - Ballad For Zawinul (Iuri Popoff)
3 - Raul (Toninho Horta)
4 - Sunflower (Márcio Borges/Lô Borges)
5 - Luisa (Toninho Horta)
6 - From The Lonely Afternoons (Milton Nascimento/Fernando Brant)
7 - Pilar (Toninho Horta)
8 - Waiting For Angela (Toninho Horta)
9 - Diamond Land (Juarez Moreira)
10 - Broken Kiss (Toninho Horta)


Quem se interessar pelo trabalho do Toninho Horta, pode apostar nos discos "Terra dos Pássaros" e "Toninho Horta", ambos de 1980. No primeiro, estão, por exemplo, músicas como "Diana" e "Dona Olimpia" e, no segundo, "Aqui, Oh!", "Bons Amigos" e "Manuel, o Audaz".

É isso aí galera, até breve!

domingo, 27 de setembro de 2009

A.L.

5 dias foram o suficiente para fazer com que eu amasse. Nada mais, nada menos que isso. E, desde o primeiro segundo, eu sabia do quanto isso podia ficar grande, imensurável. Por isso, tentei agarrar com todas as minhas forças algo que já estava escorrendo por entre os meus dedos.
Você estava tão perto, mas tão longe. Nossos beijos eram abstratos. A dúvida foi algo que vagou pelos meus pensamentos durante todos os momentos em que passamos juntos. E, por isso, eu digo: foi, realmente, melhor que tudo se acabasse.
Você tem medo de me machucar mas, apesar de saber que o que compartilhamos foi colhido verde, eu posso afirmar, agora que tudo sublimou, que eu te amo! Por ironia do destino, você vai me fazer muita falta. Falta de algo que eu nunca tive, mas que poderia ter tido. E tudo o que eu mais queria era que aqueles 5 dias me preenchessem por mais 5 mil.

sábado, 19 de setembro de 2009

Não há porque mentir

Olhe pra dentro de ti,
Olhe pra dentro de ti,
Olhe pra dentro de ti,
Pra si mesmo não há porque mentir.

Não se machuque sem ver qual a arma,
Não chore por algo que não o ampara,
Não se iluda de alma lavada,
Não corra atrás do que não vale nada.

Não se misture sabendo a furada,
Não deixe que o impulso te jogue na vala,
Não tenha fé na aposta errada,
Não saia de casa sem hora marcada.

sábado, 5 de setembro de 2009

Paul McCartney - Flaming Pie (1997)

Eis aqui meu ídolo, meu músico preferido, minha inspiração máxima, nada menos que Sir Paul McCartney.
Os Beatles são muito populares, mas pouca gente conhece bem o trabalho solo de seus integrantes. Após o fim do Fab Four, Paul merece atenção, principalmente ao formar, em 1971, juntamente com Linda, sua esposa, e o guitarrista Danny Layne, os Wings, que ascendeu a partir de sucessos como "My Love" e "Live and Let Die", composta especialmente para o filme "007: Viva e Deixe Morrer", atingindo seu auge em um álbum ovacionado pelo público e pela crítica, "Band On The Run", de 1973. Eu recomendo toda a discografia deles, a boa música é garantida.
Na década de 80, depois da separação dos Wings, McCartney obteve vários êxitos, principalmente com os discos "Tug Of War", de 1982, e "Pipes Of Piece", de 1983.
No século XXI, a grande surpresa, sem dúvida, foi "Chaos and Creation In the Backyard", de 2005 , um disco que não deixa nada a desejar aos trabalhos da década de 70.
Mas, hoje, o assunto em questão é o álbum de 1997, "Flaming Pie", e esse eu incluo no meu xodó da discografia do Paul. Esse disco foi indicado ao Grammy, sendo o primeiro a atingir o Top 10 das paradas de sucesso americanas desde "Tug Of War". Foi, também, o último antes da morte de Linda McCartney. É um daqueles que a gente põe várias vezes seguidas pra tocar e nunca enjoa de ouvir.
Ao meu ver, esse álbum resgata o clima roqueiro da época dos Wings e é uma volta a um estilo menos pop e de mais bom gosto de Paul McCartney. Músicas inspiradíssimas, como "The World Tonight", "Heaven On a Sunday" e a faixa título, mostram o talento e a versatilidade de um dos músicos mais bem sucessidos da história.
Outra boa notícia é a contribuição do guitarrista Steve Miller em "If You Wanna", "Young Boy" e "Used To Be Bad", e do nosso amado Ringo Starr, que assumiu as baquetas em "Really Love You" e "Beautiful Night".
Curiosidade: o nome "Flaming Pie" (torta flamejante), faz referência a um episódio da década de 60, quando Lennon escreveu em um artigo de revista que o nome da banda veio quando um homem em uma torta flamejante apareceu para ele em uma visão e disse, "a partir de hoje, vocês se chamam Beatles com 'A'".

(1997) Flaming Pie

1 - The Song We Were Singing
2 - The World Tonight
3 - If You Wanna
4 - Somedays
5 - Young Boy
6 - Calico Skies
7 - Flaming Pie
8 - Heaven On A Sunday
9 - Used To Be Bad
10 - Souvenir
11 - Little Willow
12 - Really Love You
13 - Beautiful Night
14 - Great Day

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Lynyrd Skynyrd - Lynyrd Skynyrd (Pronounced 'lĕh-'nerd 'skin-'nérd) (1973)


Lynyrd Skynyrd foi uma das bandas que mais me influenciou quando eu comecei a ouvir rock. E, se tem uma coisa que me deixa frustrado, é o fato de que a maioria das pessoas não fazem idéia de outra música desses caras que não seja "Sweet Home Alabama". Por isso, eu me motivei a postar o primeiro disco deles, "Lynyrd Skynyrd (Pronounced 'lĕh-'nerd 'skin-'nérd)", de 1973, uma obra prima, cá entre nós...
Primeiramente, pra quem não sabe, Lynyrd Skynyrd é uma banda americana setentista da Flórida, de country-rock, e que acabou terminando trágicamente, quando vários membros da banda morreram num acidente de avião, incluindo o vocalista e principal compositor, Ronnie Van Zant. Em 1987, a banda voltou a ativa em uma nova formação trazendo Johnny Van Zant, irmão mais novo de Ronnie, nos vocais e continuou a lançar coisas inéditas até hoje.
O álbum de hoje é uma jóia rara do rock, e não tem "Sweet Home Alabama". Trazendo clássicos como "Tuesday's Gone", "Gimme Three Steps", "Free Bird" e "Simple Man", o disco de estréia do Lynyrd Skynyrd é impecável e viciante. E com a dosagem certa dos ingredientes, oscilando perfeitamente entre countries disfarçados de rock n' roll, rocks disfarçados de country e excelentes baladas, com solos marcantes de guitarra e lindas melodias cantadas pelo falecido Ronnie Van Zant. A formação dessa época trazia, também, Gary Rossington na guitarra, Allen Collins na segunda guitarra, Ed King na terceira guitarra, Billy Powell nos teclados, Leon Wilkeson no baixo e Bob Burns na bateria.
O que eu tinha que fazer eu já fiz, agora é só baixarem o disco e virem me agradecer depois, hahah...

(1973) Lynyrd Skynyrd (Pronounced 'lĕh-'nerd 'skin-'nérd)

1 - I Ain't The One
2 - Tuesday's Gone
3 - Gimme Three Steps
4 - Simple Man
5 - Things Going On
6 - Mississipi Kid
7 - Poison Whiskey
8 - Free Bird


sábado, 22 de agosto de 2009

Farpas

(Daniel Braz)

A natureza
Também me preenche,
Me amadurece,
Realça o presente,
Me sensibiliza,
Controla minha mente,
e,no inconsciente,
Já sei pra onde ir.

Destranco a janela,
Absorvo o ambiente.
Não ouço ruídos,
Só o inteligente.
Imagino o infinito,
Já vi sol nascente.
Por mais que eu tente,
Não posso voltar.

Eu sei que esse povo não vai perdoar,
Mas não devo nada, só tenho a ganhar.
Eu tenho minhas farpas e você também,
Mas, se eu tenho respeito, não julgue, meu bem.

O tempo já passa,
E eu fico descrente
Com todo esse jogo
Que vem de repente.
Não choro minhas mágoas
Pra inconsequentes,
Mas fico contente
Com o que não vou ver.

sábado, 15 de agosto de 2009

Apesar de estar há 15 dias sem postar (admito que por um tanto de preguiça), estou carente de um pouco de criatividade nesse sábado de sol. Talvez porque, ultimamente, ando tendo pensamentos muito soltos e subjetivos e que estão me ocupando demais. Acho melhor relaxar um pouquinho mais essa semana, já que, do jeito que eu estou, vou acabar cansando minha tecla de "backspace"...
Pra não perder o compromisso, deixo aqui a letra de uma das minhas músicas. Espero que gostem:

Alterego
(Daniel Braz)

Meu corpo é um personagem mutante,
Minhas almas revezam de ocasião.
Cada qual com seu próprio alterego distante.
Não há nada pleno em toda a plenitude.

Equilíbrio interno, sintonia interior.
Não siga outras luzes que senão a do sol.
Se você quer encontrar seu tapete voador,
É só ficar bem, ficar numa boa.

Os seus maiores desejos não vão saciar,
Seus maiores sonhos não vão se enganar.
Não é qualquer coisa que se pode trocar,
Não há bem material que vá recompensar.

Preencha o vácuo de uma existência
Com a última peça de um quebra-cabeça.
Se jogue no abstrato e na abstinência,
Lá está a solução pro seu problema.

Não há nada no mundo antes de tu próprio.
Encontre tua cabeça pra enxergar tua vida.
O que te tem feito bem é na verdade seu ópio
Pra perder a noção tem que valer a pena.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Leblon Jazz Festival

Por essa eu não esperava, mas vejam só... estou isolado em casa, desde quarta-feira, por suspeita de gripe suína. Não há como saber se tenho a doença, já que o exame de sangue só está sendo feito em quem se encontra em estado grave, já desenvolvendo uma pneumonia, então, o que me resta é me cuidar e esperar pra ver...
Como estou sob o efeito do paracetamol, minha febre está sob controle. Por isso, aproveitei para escrever qualquer coisa por aqui.

No último sábado, 25/07, foi realizado, na Rua Dias Ferreira, o Leblon Jazz Festival, que comemorou os 90 anos do bairro, trazendo algumas atrações bem interessantes. O evento foi gratuito e reuniu 7 bandas, que se apresentaram no período entre 14h e 22h (na verdade, houve um atraso de mais de 1 hora). Resolvi escrever sobre as 4 principais:

- George Israel e Os Roncadores: Esse foi um showzasso... O saxofonista do Kid Abelha, que está de férias desde 2007, se apresentou com sua banda, em seu projeto solo, mas tocou de tudo, mostrando uma enorme versatilidade.
Antes de subir no palco, ele se misturou à platéia, acompanhado de Rodrigo Sha e Gustavo Contreras, Os Roncadores, e os três tiraram o maior som dos seus saxofones. Já no palco, nos presentearam com muito jazz, músicas próprias de George Israel e Rodrigo Sha, Kid Abelha, Barão Vermelho, Beatles, e muitos outros.
Foi uma apresentação muito animada, com muitos clássicos e uma correspondência calorosa do público.

- Victor Biglione: O famoso guitarrista argentino/brasileiro, divulgando seu novo projeto em homenagem a Tom Jobim, dissecou inúmeras composições do maestro e de outras figuras da MPB, como Milton Nascimento, hora em seu violão de 12 cordas, hora em sua guitarra semi-acústica.
Não há como ignorar a habilidade e a experiência de Victor Biglione em seu instrumento, mas a verdade é que esse cara é um mascarado. Além disso, ele só quer aparecer, mostrar que sabe tocar rápido, que tem domínio sobre o tom, mas tudo que ele consegue é destruir a harmônia e fazer com que o público conte os minutos para que sua apresentação acabe.
No palco, sua banda fica lá nos fundos e ele, com seu banquinho exageradamente à frente, se dirige aos espectadores com tom de professor. Além disso, sua guitarra e seu violão têm volume alto demais em relação aos outros instrumentos, um assassinato ao jazz, que mantém, religiosamente, todos os músicos no mesmo patamar, mesmo em projetos solo.

- Mallu Magalhães: A menina de 16 anos, que teve sua carreira deslanchada surpreendentemente ao fazer um enorme sucesso na internet com composições próprias e que, atualmente, enfrenta enorme polêmica em função de seu namoro com Marcelo Camelo, 15 anos mais velho, teve que enfrentar a falta de luz, que atrasou ainda mais o festival. Suas canções seguem uma linha folk, com muita influência de Johnny Cash e Bob Dylan, quase todas elas em inglês.
A verdade é que se a jovem compositora tem algum talento especial, ainda está em estado bruto. Sua letras são infantis demais, cheias de papapas e tchubarubas. Além do mais, ela não sabe tocar bem violão, nem banjo, nem guitarrinha havaiana, nem gaita e não sabe cantar. A naturalidade das suas primeiras músicas foi perdida, pois é possível notar uma grande interferência de sua banda de apoio nas novas composições, fazendo com que Mallu se transforme num bebê que não sabe o que está fazendo mas que quer brincar. Outra coisa é que, não sei se propositalmente, ao falar com a platéia, ela não parece ter 16 anos, e sim, uns 8.

- Marcelo Camelo: Como foi o último a se apresentar, acabou sendo o mais prejudicado pelo atraso do festival, que deveria terminar as 22h, em função do barulho. Isso fez com que, infelizmente, o músico reduzisse o seu repertório. Ele, acompanhado da banda Hurtmold, tocou 7 músicas de seu primeiro disco solo, "Sou", de 2008, e, no bis, mandou "Além do que se Vê", de sua banda em hibernação, Los Hermanos.
O som não estava muito bom para nenhum dos artistas que tocaram no evento, mas foi no show do Camelo que isso mais me incomodou. De qualquer forma, esse problema não foi suficiente para comprometer a qualidade das músicas desse compositor que, nos últimos anos, vem sendo constantemente comparado a Chico Buarque de Hollanda.
Sugiro que, se você nunca viu Marcelo Camelo ao vivo, veja, no mínimo como uma experiência. Através do Los Hermanos, ele conquistou um público tão fiel, que, mesmo com sua timidez nos palcos, o músico recebe da platéia calorosas manifestações de paixão e devoção. Essa resposta dos fãs é intensa ao ponto que, se ele resolvesse parar de cantar, certamente haveria um coro enorme para exercer essa função do início ao fim da apresentação. E é isso que ele faz em músicas como "Janta", "Doce Solidão" e "Além do que se Vê", deixando estrofes inteiras abertas para centenas de vozes as preencherem.
Hoje estou postando aqui o disco "Sou" para vocês baixarem. Eu acho maravilhoso, espero que vocês gostem!


(2008) Sou

1 - Téo e a Gaivota
2 - Tudo Passa
3 - Passeando
4 - Doce Solidão
5 - Janta
6 - Mais Tarde
7 - Menina Bordada
8 - Liberdade
9 - Saudade
10- Santa Chuva
11 - Copacabana
12 - Vida Doce
13 - Saudade (instrumental)
14 - Passeando (instrumental)



E é isso aí... se Deus quiser, semana que vem eu tô de volta, saudável e postando mais coisas!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tempos difíceis

Já não posso, e nem quero, mentir pra mim mesmo.
Estou saturado de julgamentos deterministas. Minha cabeça lateja após incessantes discursos repetitivos. As vezes, sinto como se eu fosse explodir.
Não levo a mal, é até bom por um lado. Pior seria se ninguém me dissesse nada. Mas, nesse caso, me fizeram chegar a um ponto em que começo a duvidar de mim mesmo. Estou ficando inseguro de um jeito que não era pra eu ficar. Estou criando monstros, alimentando meus medos. Só de pensar em errar, mesmo que por acidente, entro em pânico. Tenho ouvido demais as mesmas coisas, mas não posso deixar que essa insistência me prejudique. Do jeito que estou deixando me atingirem, acabarei nocauteado e, depois, linchado pela platéia, louca para me apedrejar. Não posso perder o foco, simplesmente não posso! Preciso, mais do que nunca, de força, só por mais alguns meses, pra que eu possa, finalmente, atravessar essa tempestade, chegar aonde quero e seguir com a minha vida.
É como falo pra todos, se não fosse pela música, eu seria frágil como um castelinho de cartas. O que me resta é dar corda às minhas paixões, pois são elas que me fazem erguer a cabeça, pensar no futuro e sonhar.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ousado

Ontem, a convite do meu grande amigo Diogo de La Vega, fui ao Cinematèque, em Botafogo, assistir ao show da banda Os Outros, produzida pelo seu professor de geografia. No final das contas, o que me chamou a atenção não foram Os Outros, e sim, a banda Ganeshas que se apresentou antes.
Dessa vez, não vou me focar nas bandas, quero ser um pouquinho mais abstrato. Mas, de qualquer forma, como eu ia dizendo, os Ganeshas me deixaram realmente muito empolgado. Aquela galera dava um soco na cara dos rótulos, dos paradigmas, preferindo assumir uma identidade que reunisse tudo o que há de bom, sem restrições. Era MPB, funk, soul, blues, rock n' roll, tudo junto, buscando uma sonoridade que transcende qualquer preconceito, que valoriza a música. Enquanto apreciava o show deles, buscava palavras para descrever o que estava ouvindo. Diferente, eclético, inteligente, de bom gosto, maduro. Ousado. Parei nesse último adjetivo e percebi que precisamos muito dele no mundo contemporâneo. Não me refiro apenas à música, minha constatação abrange tudo onde reina o conservadorismo. O conservadorismo é fruto da ignorância, uma dádiva para o capitalismo, que, para garantir que suas jogadas dêem certo, o alimenta ainda mais. Necessitamos de pessoas audaciosas o suficiente para lançar novas idéias que visem tirar o povo da caverna do senso comum.
Atualmente, passo por um fase bastante desesperançosa em relação a situação do nosso país. Andei pensando se, dessa vez, a única alternativa não seria a força. Afinal, o Brasil é uma fraude e o povo não leva mais nenhum político a sério. Não há pra onde correr em vias democráticas, já que todas as instituições são manipuladas. Além do mais, tá tudo errado debaixo dos nossos narizes e ninguém move um dedo a respeito.
Porém, conspirando a nosso favor, temos a internet como meio importantíssimo de obter informações e de trocar idéias com pessoas distantes. Acredito que é possível que pessoas de ponta a ponta do Brasil, inconformadas e querendo pôr planos em prática, consigam trocar conhecimento e articular um golpe. É claro que isso exige tempo, mas, com certeza, muito menos do que o que teríamos que esperar para que as coisas ficassem feias o suficiente a ponto de mobilizar alguma reação em massa, quando, talvez, já fosse muito tarde. Acho que precisamos de algum grupo que tome o poder e boicote todos esses urubus que monopolizam nossa política, assim como fez Vargas com as oligarquias rurais da República Velha. Claro, é muito fácil falar, mas mais fácil ainda é se acomodar com a situação atual.
Dentre as poucas mentes pensantes, eu defendo as revolucionárias. E que se dane a democracia. Não que seja ruim na teoria, mas, na prática, vem sendo um dogma. Tudo é válido, se for para o bem-estar geral. Por isso, sempre estive ao lado de Marx, que, claramente, sabia que nada acontece de uma hora para outra. Não temos provas concretas disso, mas um governo autoritário, a princípio, pode ser uma alternativa de transição, algo que sirva para manter a ordem e, ao mesmo tempo, inserir uma nova mentalidade ao povo. Depois de um tempo, esse regime não será mais necessário, pois o país já terá sido desintoxicado. Enfim, vamos pensar bem sobre assuntos do gênero e buscar abrir nossas cabeças, abranger nossa visão crítica.

Se há alguém aí lendo o que estou escrevendo, peço desculpas pelos 10 dias sem novidades por aqui. Em breve, postarei mais discos e outras coisas que passarem pela minha cabeça.
Até lá!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Curtis Mayfield - SuperFly (1972)


Hoje em dia, é um trabalho árduo encontrar por aí um artista que tenha identidade própria, que faça um som de qualidade. Mais raros ainda são os grandes gênios da música, sobre os quais a impressão que se tem é que, a cada geração, eles se tornam relíquias mais valiosas.
O cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista Curtis Mayfield é uma dessas preciosidades. Curtis ganhou notoriedade na década de 60, como vocalista e compositor do grupo de soul The Impressions. Na década de 70, sua carreira solo decolou e deu a ele reconhecimento digno de um mestre. Seu estilo reúne a força dos metais e os grooves mais dançantes do soul e do funk, com extravagantes arranjos de cordas e piano, além de traços marcantes do astro, como seu gosto por levadas de guitarra recheadas de wah-wah, seus vocais em falsete e suas letras engajadas. Em 1990, sua carreira sofreu forte declínio devido a um bizarro acidente durante uma apresentação, quando um poste de luz caiu sobre Curtis, deixando-o tetraplégico.
A obra-prima desse músico é o álbum "SuperFly", trilha sonora do filme homônimo, de 1972, a respeito de um traficante de cocaína que resolve "ajeitar" sua vida para não acabar preso ou morto, mas percebe que sair do crime organizado é muito mais complicado do que se imagina. O disco traz lendárias faixas, como "Little Child Runnin' Wild", "Pusherman", "Give Me Your Love" e "SuperFly".
Antonio, se você estiver lendo, esse disco é pra você! hahah...
Abaixo, como sempre, está o link para baixar o álbum. Se alguém baixou todos os que eu postei até agora, muito obrigado, esse é o meu objetivo!

(1972) SuperFly

1 - Little Child Runnin' Wild
2 - Pusherman
3 - Freddie's Dead
4 - Junkie Chase
5 - Give Me Your Love
6 - Eddie You Should Know Better
7 - No Thing On Me
8 - Think
9 - SuperFly

sábado, 27 de junho de 2009

Jorge Drexler - Eco² (2005)


Jorge Drexler é um daqueles artistas que, após serem ouvidos pela primeira vez, nos deixam com a sensação de termos, finalmente, achado a agulha no palheiro. Esse talentosíssimo cantor e compositor uruguaio se apresentará amanhã (28/06) no Canecão e eu, é claro, não poderia perder essa oportunidade.
Nascido em Montevidéu, no Uruguai, Jorge faz uma mescla de pop, poesia e música eletrônica e tem uma notável influência da música brasileira, já tendo, inclusive, gravado com Maria Rita e composto para um de seus discos, além de ter sido gravado por artistas como Zélia Duncan, Celso Fonseca e Paulinho Moska. Suas músicas têm um ar bem aconchegante, sustentado essencialmente pelo violão e pelas melodias suaves do cantor. Dentre as inúmeras premiações que ganhou mundo afora, acredito que a mais importante foi o Oscar de melhor canção original para "Al Otro Lado Del Río", do filme "Diários de Motocicleta", de Walter Salles.
Estou disponibilizando abaixo o link do meu disco preferido do Jorge Drexler, "Eco²", um relançamento do albúm "Eco", de 2004, com a inserção de 3 faixas bônus, incluindo "Al Otro Lado Del Río". Dentre as pérolas desse disco, destaco algumas, como "Deseo", "Todo Se Transforma", "Don de Fluir" e a própria faixa título.

Espero que vocês curtam!

(2005) Eco²

1 - Eco
2 - Deseo
3 - Todo Se Transforma
4 - Guitarra y Vos
5 - Transporte
6 - Milonga Del Moro Judío
7 - Polvo de Estrellas
8 - Se Va, Se Va, Se Fue
9 - Don de Fluir
10 - Fusión
11 - Salvapantallas
12 - Al Otro Lado Del Río (bônus)
13 - Oda al Tomate (bônus)
14 - El Monte y El Río (bônus)

sábado, 20 de junho de 2009

Plano Concreto

(Daniel Braz)

Calamidades do dia-a-dia,

Que dentro de nós são como pontos.

Fingimos chorar com poucos espantos

E entramos em prantos ao subjetivar.

Também tem miséria coletiva,

Que não nos dá fome e faz engordar.

Pra não lembrar da grana superfaturada,

Que quase sempre rola, que é droga pesada.


Não sei o que faço, mas sei bem o porquê,

E é em função do estrago que eu vivo sem saber.

Quero um plano concreto, nenhum pouco discreto,

E acabar com o veto, finalmente me expressar.


Pra acabar com as mentiras e desilusões,

Pra acabar com a ignorância e suas implicações,

Pra acabar com a covardia, com o não ter o que fazer,

Pra acabar com a apatia, com o karma de padecer.

Pra acabar com a desgraça, que chega e não passa,

Que cega e faz pirraça, que dura e não desgasta.

Pra acabar com a certeza que servem na mesa,

Que nunca tem limpeza, que não tem clareza.


Extravagâncias do dia-a-dia,

Se agravam em nós de tempos em tempos.

Pra não nos culparmos, criamos consensos

Porque, de má fé, só queremos comprar.


Cedo

(Daniel Braz)

Imagens sobrevoam a eternidade sob uma aurora metálica,

seguindo um fluxo estimulado.

O amanhã anoitece no horizonte infinito,

Dentre nuvens e névoas que quebram e flutuam.

Pedras portuguesas, pedras,

Que sofrem o desgaste histórico das tempestades emocionais,

As quais trovejam e tombam como grandes cachoeiras astrais.

Sons e ruídos adentram meu labirinto.

O universo é uma célula que habita um organismo maior

E a cabeça faz e desata nós.

O mundo não é o mesmo quanto parece,

Por mais que pareçamos sós.

As coisas estão claras demais

E minha alma vaga a procura de outros sóis.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Em meio a um cenário onde coexistem mais de 500 atos secretos do Senado, auxílios-moradia inconstitucionais pagos a parlamentares, CPI's cujas propostas se ridicularizam pelas disputas desesperadas entre partidos que põem olhos gordos num Brasil que mais parece uma loteria política, e outros milhares de absurdos, muitos deles ainda desconhecidos do povo, o brasileiro de boa formação acaba se tornando refém das tendências da mídia.
Uma coisa, que não se pode provar mas que se pode afirmar com certeza, é que vivemos em um país onde tudo é corrompido, tudo é relacionado e dominado por "oligarquias" que há tempos fixaram suas raízes no poder e ditam as regras, predefinindo o futuro. A imprensa oficial ganha intuitivamente a confiança das massas por ser ela a única disseminadora de notícias e ao mesmo tempo ter como estratégia o argumento de que "fala em nome da sociedade". Porém, ela não é nada senão um olhar, cada vez mais controlado por interesses políticos de quem está no topo. Os jornais mostram uma única face dos fatos, comprometendo claramente a realidade.
Mas ao invés de falarmos sobre realidade, falaremos sobre a verdade. Afinal, qual é a verdade? Somos criados desde pequenos sofrendo a imposição de conceitos, tabus e dogmas, os quais a maioria leva para o caixão. As grandes dualidades, como "o bem e o mal", "o certo e o errado", nos são ensinadas mas nem sempre são realmente fiéis a moral. Separar tudo em dois lados, de um modo, facilita nosso raciocínio mas de outro nos aliena, já que nos impede de enxergar outras perspectivas. E crescemos aceitando essas coisas.
Por isso é muito fácil manipular o ser humano. Enquanto não começarmos a refletir, continuaremos sendo alvo dos grandes interesses e sendo conterrâneos das grandes desigualdades. No Brasil, a ditadura militar teve seu fim em 1985, mas, com ou sem ditadura, nunca houve liberdade e uma das heranças daquela época foi a percepção de que a lavagem cerebral é mais que o suficiente para calar um povo. As elites compartilham o poder, a classe média emburrece e perde o seu caráter contestador, pois está mais preocupada com o seu bolso, e a classe popular é neutralizada pela ausência de investimentos sociais.
Não estou nem aí se o Brasil cresce ou não economicamente, isso não mostra nenhuma melhora estrutural. O país segue um caminho aparentemente irreversível. O que vivemos atualmente é só um começo do que no futuro se transformará num caos administrativo e criará um país sem leis. Onde está a luta de classes? Até que ponto permaneceremos apáticos? Não podemos mais sustentar um sistema que só nos destrói! Não dá pra entender quem se diz direitista mas a favor da justiça. Aliás, eliminemos esse conceito de direita e esquerda, pois está na hora de tirarmos nossos antórios, abrirmos nossa cabeça e criarmos meios de viver em prol da sustentabilidade do ser humano e não da sustentabilidade do capital.
Melhor parar por aqui, antes que eu enlouqueça.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Introdução

Nunca tive um blog. Imagino que não seja fácil ser dono de um e mantê-lo atualizado semanalmente, sem deixar monótono. Mas, com certeza, pior ainda é postar pela primeira vez. Sobre o que eu escrevo? Como eu começo? Apesar de ter um planejamento na minha cabeça, eu não faço a mínima idéia dos rumos que essa página pode ter... E é por isso que optei por criar um blog com livre-arbítrio. O que seria isso? Muito simples, escreverei sobre o que me der na telha, sobre coisas que me interessam. Cada semana haverá uma surpresa. Como minha maior paixão é a música, farei críticas sobre discos de todas as épocas e de todos os estilos. Também postarei poesias minhas, as quais não costumo divulgar por não ter pra quem mostrar. Falarei sobre o que se passa na minha cabeça, propondo reflexões sobre o que se passa no mundo ou na minha vida pessoal. Por essas e outras, esse blog vai ser, para mim, um desabafo em todos os sentidos.
Mas por que Espelho Translúcido? Bom, como o blog atira pra todos os lados, o leitor hora encontra coisas conhecidas, hora encontra algo inédito. Hora se identifica, hora enxerga além.
Não tenho intenção de fazer publicidade pra promover esse site, portanto, essa introdução é um tiro no escuro, já que quase ninguém vai ler. Divulgarei no boca-a-boca, mas também não estou preocupado com isso. Basta que eu escreva.