segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Bolinha de papel VS Rolo de fita crepe

Daniel Braz

É triste que, na última semana antes das eleições de 2º turno, o debate entre os presidenciáveis ainda esteja rebaixado à troca de acusações. Se alguém ainda não percebeu, é bom ter em mente que José Serra é o principal responsável por bater nessa tecla. Portanto, agradeçam pelo bom trabalho de seu marqueteiro.

Apesar de assumir frequentemente o papel de vítima de um “jogo sujo” do PT, foi sempre o candidato quem começou, desde junho, novas ondas de denúncias, dedicando considerável parte do tempo precioso de seus programas de TV e rádio a atacar os petistas através de argumentos murchos maquiados por estratégias de retórica, como o de que Dilma não tem trajetória política ou o de que seu partido é contra a liberdade de imprensa. Preencher dessa maneira os poucos minutos de propaganda mostra, no mínimo, falta de prioridades mais construtivas para o voto dentro do programa de governo dos tucanos, que, na verdade, apresentaram apenas dois discursos ocorridos em convenções do PSDB como tal.

Além de cínico, Serra ainda revela-se o pior dos hipócritas, pois até agora o maior jogo sujo desde o início das campanhas não foi obra de Dilma, mas sim dele próprio ao distribuir panfletos de contrapropaganda em nome de entidades religiosas como a CNBB. O presidenciável deveria ser preso por frases como “cristão não vota em quem é a favor do aborto”, já que põe em pauta de forma distorcida um grave problema de saúde pública, sendo, lamentavelmente, endossado por grandes veículos de mídia.

Agredida dessa maneira, Dilma não tem outra alternativa senão revidar os ataques e abrir mão de discutir dignamente os problemas do Brasil. No fim, cabe apenas ao eleitor a tarefa de se informar e ir a encontro da democracia.

sábado, 23 de outubro de 2010

Só preciso de alegria

Daniel Braz

Alegria é o que preciso,
Só preciso de alegria.
Não se necessita clima
Quando é pura sintonia.

Como sei quem é você?
Na verdade, apenas sinto, porque temos a mesma sina.
A sincronicidade dá sinais de que não é à toa a nossa rima,
Pois combina.

Meu futuro é como mina sem qualquer ferramenta.
Não haverá prata sem lascar uma pedra.
E é aí quando você finalmente entra em cena,
Pra levantar minha alma,
Pra iluminar minha caverna.

E se lá no fundo há apenas uma só ideia,
Totalmente fora do alcance da platéia,
De que adianta, então, ter acesso a ela,
Se não for compartilhada em par com quem se espera?

domingo, 17 de outubro de 2010

Pior que tá num fica?

Daniel Braz

Se Tiririca é capaz ou não de ler e escrever ainda não sabemos, ou melhor, só poderemos ter certeza após a diplomação do palhaço/cantor/apresentador/puxador-de-votos como deputado federal mais bem sucedido do pleito. O já sabido é que graças aos seus 1,353 milhão de eleitores, o humorista por pouco não atingiu o recorde nacional do falecido Enéas Carneiro, de 1,57 milhão, fato que, acreditem, não é o mais assustador envolvendo sua vitória nas urnas.

Em outras palavras, é inadmissível que uma figura como Tiririca tenha sido eleita por cifras tão impressionantes, pois não se trata, ao contrário do que alguns pseudocidadãos afirmam, de voto de protesto. No final das contas, através do sistema proporcional regulador das eleições de vereadores e deputados, o palhaço ultrapassou em mais de 1 milhão o coeficiente eleitoral e, assim, nomeou, como se não bastasse apenas o próprio, outros 3 candidatos de sua coligação que não ganhariam vaga sem uma “mãozinha”.

Certamente, a aliança “Juntos por São Paulo”, ou seja, PR-PRB/PT/PR/PC do B/PT do B, está comemorando os frutos de sua aposta eleitoreira. Já os demais partidos devem estar se rasgando de inveja ou, no mínimo, utilizando a vitória de Tiririca como inspiração para um tiro certeiro em 2012. Assim, a democracia brasileira segue alimentando os olhos grandes dos próprios políticos, esvaziando o debate e as “ideologias” partidárias. Ou será que alguém realmente acredita na consciência política de candidatos tais como o ex-craque Romário, a (“ex”) funkeira Tati Quebra-Barraco e os ex-famosos Kiko e Leandro, do grupo KLB? O próprio Romário, no ato de sua filiação ao PSB (Partido Socialista Brasileiro), simplesmente confundiu sua própria sigla, dizendo-se honrado ao entrar para o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).

O caso é que a grande maioria dos brasileiros se vê perdida frente à quilométrica lista de candidatos a cargos eletivos pelo sistema proporcional. Entretanto, o maior problema é que esses mesmos indivíduos, em geral, também não têm informações suficientes a respeito do coeficiente eleitoral e, desse modo, dentre os outros políticos profissionais, acabam sendo atraídos pelo carisma de celebridades já conhecidas.

Por isso, é em função de absurdos como esse que o princípio do voto em lista fechada precisa ser aplicado tão logo quanto possível no Brasil, pois o impossível é conhecer milhares de candidatos que nem sempre têm boas propostas. Se apenas os votos em legenda fossem permitidos e as agremiações definissem uma pequena lista ordenada dos aspirantes a cargos eletivos, fenômenos como o de Tiririca não ocorreriam tão facilmente. Afinal, parafraseando-o, o povo não é palhaço, embora ele seja. Moral da história: o brasileiro necessita de melhores condições para exercer sua cidadania.

domingo, 10 de outubro de 2010

BOTECO SUJO: Censura eu, Folha!

BOTECO SUJO: Censura eu, Folha!: "Na semana passada, uma forte crise nostálgica atingiu a família Frias. Podia ser saudade dos anos 80, época em que a Folha de S. Paulo era chamado de "jornal das Diretas" e tido como um legítimo aliado das lutas democráticas. Mas não. A Folha sentiu saudade foi dos bons e velhos anos 70. E não era vontade de usar costeletas, vestir calças boca-de-sino e dançar Staying Alive. Era a saudade da rigidez viril dos anos de ditadura, quando a Folha era uma maria-caserna tão próxima dos generais que emprestava seus carros para as ações de tortura e morte de "inimigos do regime" praticadas pelos paramilitares da Operação Bandeirantes. "

Na semana passada, uma forte crise nostálgica atingiu a família Frias. Podia ser saudade dos anos 80, época em que a Folha de S. Paulo era chamado de "jornal das Diretas" e tido como um legítimo aliado das lutas democráticas. Mas não. A Folha sentiu saudade foi dos bons e velhos anos 70. E não era vontade de usar costeletas, vestir calças boca-de-sino e dançar Staying Alive. Era a saudade da rigidez viril dos anos de ditadura, quando a Folha era uma maria-caserna tão próxima dos generais que emprestava seus carros para as ações de tortura e morte de "inimigos do regime" praticadas pelos paramilitares da Operação Bandeirantes. (...)"
Por Fausto Salvadori