sábado, 20 de junho de 2009

Plano Concreto

(Daniel Braz)

Calamidades do dia-a-dia,

Que dentro de nós são como pontos.

Fingimos chorar com poucos espantos

E entramos em prantos ao subjetivar.

Também tem miséria coletiva,

Que não nos dá fome e faz engordar.

Pra não lembrar da grana superfaturada,

Que quase sempre rola, que é droga pesada.


Não sei o que faço, mas sei bem o porquê,

E é em função do estrago que eu vivo sem saber.

Quero um plano concreto, nenhum pouco discreto,

E acabar com o veto, finalmente me expressar.


Pra acabar com as mentiras e desilusões,

Pra acabar com a ignorância e suas implicações,

Pra acabar com a covardia, com o não ter o que fazer,

Pra acabar com a apatia, com o karma de padecer.

Pra acabar com a desgraça, que chega e não passa,

Que cega e faz pirraça, que dura e não desgasta.

Pra acabar com a certeza que servem na mesa,

Que nunca tem limpeza, que não tem clareza.


Extravagâncias do dia-a-dia,

Se agravam em nós de tempos em tempos.

Pra não nos culparmos, criamos consensos

Porque, de má fé, só queremos comprar.


Cedo

(Daniel Braz)

Imagens sobrevoam a eternidade sob uma aurora metálica,

seguindo um fluxo estimulado.

O amanhã anoitece no horizonte infinito,

Dentre nuvens e névoas que quebram e flutuam.

Pedras portuguesas, pedras,

Que sofrem o desgaste histórico das tempestades emocionais,

As quais trovejam e tombam como grandes cachoeiras astrais.

Sons e ruídos adentram meu labirinto.

O universo é uma célula que habita um organismo maior

E a cabeça faz e desata nós.

O mundo não é o mesmo quanto parece,

Por mais que pareçamos sós.

As coisas estão claras demais

E minha alma vaga a procura de outros sóis.

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