sexta-feira, 31 de julho de 2009

Leblon Jazz Festival

Por essa eu não esperava, mas vejam só... estou isolado em casa, desde quarta-feira, por suspeita de gripe suína. Não há como saber se tenho a doença, já que o exame de sangue só está sendo feito em quem se encontra em estado grave, já desenvolvendo uma pneumonia, então, o que me resta é me cuidar e esperar pra ver...
Como estou sob o efeito do paracetamol, minha febre está sob controle. Por isso, aproveitei para escrever qualquer coisa por aqui.

No último sábado, 25/07, foi realizado, na Rua Dias Ferreira, o Leblon Jazz Festival, que comemorou os 90 anos do bairro, trazendo algumas atrações bem interessantes. O evento foi gratuito e reuniu 7 bandas, que se apresentaram no período entre 14h e 22h (na verdade, houve um atraso de mais de 1 hora). Resolvi escrever sobre as 4 principais:

- George Israel e Os Roncadores: Esse foi um showzasso... O saxofonista do Kid Abelha, que está de férias desde 2007, se apresentou com sua banda, em seu projeto solo, mas tocou de tudo, mostrando uma enorme versatilidade.
Antes de subir no palco, ele se misturou à platéia, acompanhado de Rodrigo Sha e Gustavo Contreras, Os Roncadores, e os três tiraram o maior som dos seus saxofones. Já no palco, nos presentearam com muito jazz, músicas próprias de George Israel e Rodrigo Sha, Kid Abelha, Barão Vermelho, Beatles, e muitos outros.
Foi uma apresentação muito animada, com muitos clássicos e uma correspondência calorosa do público.

- Victor Biglione: O famoso guitarrista argentino/brasileiro, divulgando seu novo projeto em homenagem a Tom Jobim, dissecou inúmeras composições do maestro e de outras figuras da MPB, como Milton Nascimento, hora em seu violão de 12 cordas, hora em sua guitarra semi-acústica.
Não há como ignorar a habilidade e a experiência de Victor Biglione em seu instrumento, mas a verdade é que esse cara é um mascarado. Além disso, ele só quer aparecer, mostrar que sabe tocar rápido, que tem domínio sobre o tom, mas tudo que ele consegue é destruir a harmônia e fazer com que o público conte os minutos para que sua apresentação acabe.
No palco, sua banda fica lá nos fundos e ele, com seu banquinho exageradamente à frente, se dirige aos espectadores com tom de professor. Além disso, sua guitarra e seu violão têm volume alto demais em relação aos outros instrumentos, um assassinato ao jazz, que mantém, religiosamente, todos os músicos no mesmo patamar, mesmo em projetos solo.

- Mallu Magalhães: A menina de 16 anos, que teve sua carreira deslanchada surpreendentemente ao fazer um enorme sucesso na internet com composições próprias e que, atualmente, enfrenta enorme polêmica em função de seu namoro com Marcelo Camelo, 15 anos mais velho, teve que enfrentar a falta de luz, que atrasou ainda mais o festival. Suas canções seguem uma linha folk, com muita influência de Johnny Cash e Bob Dylan, quase todas elas em inglês.
A verdade é que se a jovem compositora tem algum talento especial, ainda está em estado bruto. Sua letras são infantis demais, cheias de papapas e tchubarubas. Além do mais, ela não sabe tocar bem violão, nem banjo, nem guitarrinha havaiana, nem gaita e não sabe cantar. A naturalidade das suas primeiras músicas foi perdida, pois é possível notar uma grande interferência de sua banda de apoio nas novas composições, fazendo com que Mallu se transforme num bebê que não sabe o que está fazendo mas que quer brincar. Outra coisa é que, não sei se propositalmente, ao falar com a platéia, ela não parece ter 16 anos, e sim, uns 8.

- Marcelo Camelo: Como foi o último a se apresentar, acabou sendo o mais prejudicado pelo atraso do festival, que deveria terminar as 22h, em função do barulho. Isso fez com que, infelizmente, o músico reduzisse o seu repertório. Ele, acompanhado da banda Hurtmold, tocou 7 músicas de seu primeiro disco solo, "Sou", de 2008, e, no bis, mandou "Além do que se Vê", de sua banda em hibernação, Los Hermanos.
O som não estava muito bom para nenhum dos artistas que tocaram no evento, mas foi no show do Camelo que isso mais me incomodou. De qualquer forma, esse problema não foi suficiente para comprometer a qualidade das músicas desse compositor que, nos últimos anos, vem sendo constantemente comparado a Chico Buarque de Hollanda.
Sugiro que, se você nunca viu Marcelo Camelo ao vivo, veja, no mínimo como uma experiência. Através do Los Hermanos, ele conquistou um público tão fiel, que, mesmo com sua timidez nos palcos, o músico recebe da platéia calorosas manifestações de paixão e devoção. Essa resposta dos fãs é intensa ao ponto que, se ele resolvesse parar de cantar, certamente haveria um coro enorme para exercer essa função do início ao fim da apresentação. E é isso que ele faz em músicas como "Janta", "Doce Solidão" e "Além do que se Vê", deixando estrofes inteiras abertas para centenas de vozes as preencherem.
Hoje estou postando aqui o disco "Sou" para vocês baixarem. Eu acho maravilhoso, espero que vocês gostem!


(2008) Sou

1 - Téo e a Gaivota
2 - Tudo Passa
3 - Passeando
4 - Doce Solidão
5 - Janta
6 - Mais Tarde
7 - Menina Bordada
8 - Liberdade
9 - Saudade
10- Santa Chuva
11 - Copacabana
12 - Vida Doce
13 - Saudade (instrumental)
14 - Passeando (instrumental)



E é isso aí... se Deus quiser, semana que vem eu tô de volta, saudável e postando mais coisas!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tempos difíceis

Já não posso, e nem quero, mentir pra mim mesmo.
Estou saturado de julgamentos deterministas. Minha cabeça lateja após incessantes discursos repetitivos. As vezes, sinto como se eu fosse explodir.
Não levo a mal, é até bom por um lado. Pior seria se ninguém me dissesse nada. Mas, nesse caso, me fizeram chegar a um ponto em que começo a duvidar de mim mesmo. Estou ficando inseguro de um jeito que não era pra eu ficar. Estou criando monstros, alimentando meus medos. Só de pensar em errar, mesmo que por acidente, entro em pânico. Tenho ouvido demais as mesmas coisas, mas não posso deixar que essa insistência me prejudique. Do jeito que estou deixando me atingirem, acabarei nocauteado e, depois, linchado pela platéia, louca para me apedrejar. Não posso perder o foco, simplesmente não posso! Preciso, mais do que nunca, de força, só por mais alguns meses, pra que eu possa, finalmente, atravessar essa tempestade, chegar aonde quero e seguir com a minha vida.
É como falo pra todos, se não fosse pela música, eu seria frágil como um castelinho de cartas. O que me resta é dar corda às minhas paixões, pois são elas que me fazem erguer a cabeça, pensar no futuro e sonhar.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ousado

Ontem, a convite do meu grande amigo Diogo de La Vega, fui ao Cinematèque, em Botafogo, assistir ao show da banda Os Outros, produzida pelo seu professor de geografia. No final das contas, o que me chamou a atenção não foram Os Outros, e sim, a banda Ganeshas que se apresentou antes.
Dessa vez, não vou me focar nas bandas, quero ser um pouquinho mais abstrato. Mas, de qualquer forma, como eu ia dizendo, os Ganeshas me deixaram realmente muito empolgado. Aquela galera dava um soco na cara dos rótulos, dos paradigmas, preferindo assumir uma identidade que reunisse tudo o que há de bom, sem restrições. Era MPB, funk, soul, blues, rock n' roll, tudo junto, buscando uma sonoridade que transcende qualquer preconceito, que valoriza a música. Enquanto apreciava o show deles, buscava palavras para descrever o que estava ouvindo. Diferente, eclético, inteligente, de bom gosto, maduro. Ousado. Parei nesse último adjetivo e percebi que precisamos muito dele no mundo contemporâneo. Não me refiro apenas à música, minha constatação abrange tudo onde reina o conservadorismo. O conservadorismo é fruto da ignorância, uma dádiva para o capitalismo, que, para garantir que suas jogadas dêem certo, o alimenta ainda mais. Necessitamos de pessoas audaciosas o suficiente para lançar novas idéias que visem tirar o povo da caverna do senso comum.
Atualmente, passo por um fase bastante desesperançosa em relação a situação do nosso país. Andei pensando se, dessa vez, a única alternativa não seria a força. Afinal, o Brasil é uma fraude e o povo não leva mais nenhum político a sério. Não há pra onde correr em vias democráticas, já que todas as instituições são manipuladas. Além do mais, tá tudo errado debaixo dos nossos narizes e ninguém move um dedo a respeito.
Porém, conspirando a nosso favor, temos a internet como meio importantíssimo de obter informações e de trocar idéias com pessoas distantes. Acredito que é possível que pessoas de ponta a ponta do Brasil, inconformadas e querendo pôr planos em prática, consigam trocar conhecimento e articular um golpe. É claro que isso exige tempo, mas, com certeza, muito menos do que o que teríamos que esperar para que as coisas ficassem feias o suficiente a ponto de mobilizar alguma reação em massa, quando, talvez, já fosse muito tarde. Acho que precisamos de algum grupo que tome o poder e boicote todos esses urubus que monopolizam nossa política, assim como fez Vargas com as oligarquias rurais da República Velha. Claro, é muito fácil falar, mas mais fácil ainda é se acomodar com a situação atual.
Dentre as poucas mentes pensantes, eu defendo as revolucionárias. E que se dane a democracia. Não que seja ruim na teoria, mas, na prática, vem sendo um dogma. Tudo é válido, se for para o bem-estar geral. Por isso, sempre estive ao lado de Marx, que, claramente, sabia que nada acontece de uma hora para outra. Não temos provas concretas disso, mas um governo autoritário, a princípio, pode ser uma alternativa de transição, algo que sirva para manter a ordem e, ao mesmo tempo, inserir uma nova mentalidade ao povo. Depois de um tempo, esse regime não será mais necessário, pois o país já terá sido desintoxicado. Enfim, vamos pensar bem sobre assuntos do gênero e buscar abrir nossas cabeças, abranger nossa visão crítica.

Se há alguém aí lendo o que estou escrevendo, peço desculpas pelos 10 dias sem novidades por aqui. Em breve, postarei mais discos e outras coisas que passarem pela minha cabeça.
Até lá!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Curtis Mayfield - SuperFly (1972)


Hoje em dia, é um trabalho árduo encontrar por aí um artista que tenha identidade própria, que faça um som de qualidade. Mais raros ainda são os grandes gênios da música, sobre os quais a impressão que se tem é que, a cada geração, eles se tornam relíquias mais valiosas.
O cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista Curtis Mayfield é uma dessas preciosidades. Curtis ganhou notoriedade na década de 60, como vocalista e compositor do grupo de soul The Impressions. Na década de 70, sua carreira solo decolou e deu a ele reconhecimento digno de um mestre. Seu estilo reúne a força dos metais e os grooves mais dançantes do soul e do funk, com extravagantes arranjos de cordas e piano, além de traços marcantes do astro, como seu gosto por levadas de guitarra recheadas de wah-wah, seus vocais em falsete e suas letras engajadas. Em 1990, sua carreira sofreu forte declínio devido a um bizarro acidente durante uma apresentação, quando um poste de luz caiu sobre Curtis, deixando-o tetraplégico.
A obra-prima desse músico é o álbum "SuperFly", trilha sonora do filme homônimo, de 1972, a respeito de um traficante de cocaína que resolve "ajeitar" sua vida para não acabar preso ou morto, mas percebe que sair do crime organizado é muito mais complicado do que se imagina. O disco traz lendárias faixas, como "Little Child Runnin' Wild", "Pusherman", "Give Me Your Love" e "SuperFly".
Antonio, se você estiver lendo, esse disco é pra você! hahah...
Abaixo, como sempre, está o link para baixar o álbum. Se alguém baixou todos os que eu postei até agora, muito obrigado, esse é o meu objetivo!

(1972) SuperFly

1 - Little Child Runnin' Wild
2 - Pusherman
3 - Freddie's Dead
4 - Junkie Chase
5 - Give Me Your Love
6 - Eddie You Should Know Better
7 - No Thing On Me
8 - Think
9 - SuperFly