segunda-feira, 14 de junho de 2010

Bem-vindos ao Mundo Invisível!


Vista a camisa pelo lado do avesso,
Jogue a poeira para o lado de fora.
Esclareça, antes do fim, o começo,
Já que investigo pra saber a fundo.

Convido-a para vir a meu mundo.
Pode dar uma olhada nos móveis,
Até mesmo abrir o guarda roupa.
Fique à vontade, não hesite um segundo.

Caso desça ao 20º subsolo,
Procure acender a lanterna,
E saiba que por lá estarei a sua espera
Com dois bons amigos mais uma galera,
Cantando o que há de mais profundo.
Em conjunto.
E não mude de assunto.

Se não clareia a minha caverna,
Talvez não ache o que quisera,
Pois torna o novo impossível,
E apenas tateia o que é elíptico.
Só conheces a ti e me faz temível,
Na sala de estar, no mundo invisível.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

ROYALTIES??

Acho desnecessário explanar novamente o absurdo que a emenda de redistribuição dos royalties do petróleo, aprovada hoje pelo Senado, representa para o Rio de Janeiro e para o Espírito Santo.
No entanto, o peemedebista gaúcho Pedro Simon está apenas seguindo a linha ideológica de seu partido, o maior do país, de compromisso com a justiça. Aliás, coitadinhos dos outros estados brasileiros, que esticam seus orçamentos pobres, investindo o máximo possível na qualidade de vida de seus municípios, sem êxito. Os próprios prefeitos e governadores são uns mortos de fome...... O dinheiro precisa ser repartido igualmente entre os administradores públicos, precisamos ter consideração com suas vidas duras, sofridas. O prefeito de Cachoeirinha do Sertão também quer construir sua Cidade da Música, poxa.



Ironias a parte, caso Lula não tome a posição prometida ao governador Sérgio Cabral de vetar de qualquer maneira o projeto, o problema será crítico. Um problema de 7 bilhões por ano.
Não consigo expressar com palavras o nojo que passei a sentir pelo deputado Aldo Ribeiro (PCdoB-SP), queria poder cuspir-lhe na cara. O infeliz em questão lançou para votação um projeto que altera o Código Florestal brasileiro. Uma das propostas visa diminuir radicalmente o limite da faixa de preservação das margens dos rios e encostas. E mais: querem anistiar terras desmatadas até o ano de 2008, além de acabar com a obrigatoriedade de reservas legais para pequenos agricultores.
O episódio é festivo para os ruralistas, que estão mexendo os pauzinhos e usando toda a sua influência para levar a medida para votação ainda esse ano, o que dificilmente acontecerá tendo em vista a Copa e as eleições. A discussão deve ser adiada para ano que vem, pelo menos no Planalto Central.
Digo isso porque a sociedade precisa enxergar desde já que o país não pode andar em marcha ré. O Brasil é dominado por urubus, que estão se lixando para o futuro do país ou para a opinião pública, como já declarou, sinceramente, o deputado do PTB de Rio Grande do Sul, Sérgio Moraes, em 2009. Não é incomum que cínicos como Aldo Ribeiro proponham mudanças de caráter conservador. Basta lembrarmos do artigo original do Plano Nacional de Direitos Humanos, aprovado esse ano, que afetaria claramente a liberdade de imprensa e pressionaria a auto-censura dos jornais. É preciso, no mínimo, impedir a aprovação emendas cujas terceiras intenções chegam a tal ponto de atrevimento frente aos interesses nacionais.
Já não basta a crescente onda de tragédias que vêm desolando o Brasil? Como é possível que catástrofes como as de Santa Catarina e do Rio de Janeiro não façam germinar um broto de responsabilidade sobre a vida de tanta gente? Como já ponderou Marina Silva, o Brasil tem metas importantíssimas assumidas em Copenhague de reduzir as emissões de CO2 em até 39% que não serão alcançadas caso a modificação do Código Florestal seja aceita. Até mesmo os porcos latifundiários perderão em exportações, já que o país perderá credibilidade e respeito da comunidade internacional. Não esqueçamos que temos adotado uma posição de exemplo a respeito da redução de poluentes.
Na verdade, é tudo tão óbvio, não é mesmo? Considero esse texto que acabei de escrever redundante demais para meu gosto. Até crianças de Ensino Fundamental têm consciência dos problemas ambientais nacionais e globais. Será que nossos parlamentares faltaram a essas aulas? Agora, com licença, que vou vomitar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Som Imaginário - Matança do Porco (1973)


O Som Imaginário começou como banda de apoio de Milton Nascimento e logo lançou voo no lançamento de um LP homônimo em 1970. Ao todo foram três discos lançados, sendo o último a tônica desse post. Dentre os ilustres membros deste conjunto, destacam-se nada mais, nada menos que Zé Rodrix e Wagner Tiso, além de figuras como Tavito e o genial guitarrista Frederyko, ou Fredera, hoje pouquíssimo reconhecido.
Na minha humilde opinião, apesar dos grandes nomes, o motor criativo mais interessante do grupo era Wagner Tiso. O álbum instrumental "Matança do Porco", de 1973, já não contava mais com Frederyko e muito menos com Zé Rodrix, que após o primeiro disco deixou o grupo para se juntar a Sá e Guarabira. Assim, quem assumiu a frente quase total das composições foi o mestre Tiso, com seus arranjos de piano e orgão capazes de nos arrancar algumas lágrimas. Ele foi responsável por conduzir o grupo do pop rock lisérgico para o rock progressivo, dando os primeiros passos através da poética faixa "A Nova Estrela", do álbum de 1971. E a consequência dessa história é o melhor registro progressivo brasileiro que já ouvi em toda a minha vida.
Este tesouro de 1973 é uma belíssima mistura de erudição, jazz, brasilidade e temas de fazer inveja até no Pink Floyd. Algumas participações especiais não podem ser esquecidas, como Danilo Caymmi, na flauta, e o próprio Fredera, em épicos solos de guitarra deixados como vestígios de seu talento. A cereja do bolo fica a cargo de Milton Nascimento e dos Golden Boys, que emprestam suas vozes à sequência final da faixa título, com mais de 11 minutos de duração.

(1973) Matança do Porco

1. Armina (Wagner Tiso)
2. A3 (Wagner Tiso)
3. Armina [Vinheta 1] (Wagner Tiso)
4. Armina nº 2 (Wagner Tiso)
5. A Matança do Porco (Wagner Tiso)
6. Armina [Vinheta 2] (Wagner Tiso)
7. Bolero (Mil, Luiz Alves, Wagner Tiso, Robertinho Silva, Tavito)
8. Mar Azul (Luiz Alves, Wagner Tiso)
9. Armina [Vinheta 3] (Wagner Tiso)


Have a nice trip!
E Fernando Pimentel é afastado da coordenação da campanha de Dilma Rousseff por ser responsável pela contratação da empresa Lanza Comunicação, suspeita por elaborar o suposto dossiê. Especulações a parte, mas é muita coincidência que a bomba tenha, no final, caído no colo de quem é pivô do atual maior impasse entre PT e PMDB: as eleições estaduais de Minas Gerais. Sempre foi mais que óbvio que o peemedebista Hélio Costa seria contemplado com o palanque da coligação no estado. Hoje, com a bomba no colo, Pimentel anunciou a candidatura do rival, sem resistência.

domingo, 6 de junho de 2010

É realmente muito triste assistir a uma disputa eleitoral de debates potencialmente tão interessantes ofuscada por apelações judiciais. O nosso querido presidente, ignorando os ataques dos oposicionistas de plantão, não se furta a pular a cerca das leis que o proíbem de fazer campanha antecipada. Obviamente, seria incabível passar a mão na cabeça de Lula, mas dar corda a esse bate-boca é alimentar joguinhos políticos. Inclusive, devemos considerar que no cenário atual ninguém dá o exemplo, como já pudemos constatar em inserções recentes do DEM, seja em favor de José Serra, Marco Maciel ou quem quer que seja. A oposição deseja a todo o custo vincular a imagem dos petistas à falta de ética, recorrendo desesperadamente a tempestades em copos d'água. Não serei ridículo a ponto de exaltar a moral do governo atual, mas proponho a reflexão de que o Arruda não é a ovelha negra da família democrata.
A mais nova invenção da mídia é o suposto dossiê contra Serra e sua filha Verônica. Bom, da onde quer que tenham surgido tais documentos, essa história me parece muito mal contada. Não vejo motivo algum para que Dilma se utilize de tal tática. Afinal de contas, não se mexe em time que está ganhando e ampliando paulatinamente a vantagem nas pesquisas antes mesmo do início da campanha oficial, quando Lula poderá, enfim, utilizar toda a sua influência como cabo eleitoral. Enfim, não faz sentido uma apelação tão burra e desesperada. O jornalista Luiz Lanzetta, o bode espiatório da vez, é claramente suspeito, mas não há informações que o relacionem diretamente à campanha de Dilma, apesar das agressivas tentativas do PSDB e do DEM nesse sentido. Uma coisa é certa: quando os aloprados do PT articulavam o último dossiê, em 2006, o envolvimento de Serra com a máfia das ambulâncias já parecia bem evidente.
Bom, como essa novela parece não ter fim, a única coisa que enxergo são os cabelos restantes da careca do presidenciável tucano cairem junto com sua popularidade e seu sonho de ter Aécio como vice.

(Fora da área de cobertura ou desligado)

Está certo, eu admito... Para os que ainda não tenham sido notificados, estou planejando criar um outro blog, fazer uma parceria. Ou, no mínimo, reaproximar o Espelho Translúcido da sua concepção inicial. Quem lembra do que escrevi em meu primeiro post talvez me entenda... Quero abrir ao máximo meu leque de assuntos, que acabaram por se limitar demais a música e poesia. Quero falar mais sobre política, assunto pelo qual me interesso muito, mas sobre o qual sempre tive receio de escrever.
Como se não bastasse, preciso criar um formato que se adeque a minha rotina, já que agora não posso mais deixar de fazer meus deveres de escola pra ficar escrevendo por aqui! Minha intenção talvez seja me restringir a posts curtos, diretos e um pouco mais constantes que o habitual. Os textos mais longos eu deixo pra quando eu tiver tempo livre ou muita vontade!
Bom, fica aí a incerteza... estou aberto a sugestões!
Sim, estou vivo. Meio vivo, meio morto.
De vento em popa? Um pouco indisposto.
Soturno no escuro, nem vejo meu rosto.
A pé no vazio, aflito, sem gosto.

Aqui dentro, eu tento um papo
Sem tato e olfato... Sem motivo: me rasgo.
Angústia, de fato,
Pois toco a vida pacato no ato.

No absurdo, me distraio
Diante do muro, por todos os lados,
A céu aberto e tempo nublado.
Mas até que o muro não é tão alto...

Por que espero pelo passado?
Pra que adoço o que não é amargo?
Não preciso andar de olhos fechados.
Não preciso conter o que já está acabado.

Escrevo, como um desabafo,
À razão da retórica que me vem do cansaço.
Mas.......
Que se dane a rima, que se dane a métrica,
Não importa o paralelismo e que SE FODA a melodia!
Se eu consegui escrever tudo isso em dez minutos,
Por que não gasto um segundo me dando um soco na cara??