domingo, 17 de novembro de 2013

Neurônios

Daniel Braz

Imagens, índices,
Cores, formas,
Símbolos,
Meios quentes,
Meios frios,
Cada um com seu motivo.

Neurônios dependentes químicos
De suas enzimas,
A princípio sem relação com vício,
Mas apenas por uma questão vida.
Porém, conduzidos às escondidas
Por estímulos externos
Bastante diversos.
É aí onde mora o perigo.

Humor, pensamento,
Comportamento, ambiente,
Agindo em círculo permamente,
Afetando nossa mente.
É o que não percebemos.

Porém, levamos a fins extremos
A crença na vontade
De uma razão cínica,
Que não é capaz de dar conta
De suas prioridades.
A justificativa se dá pela sofística,
Possivelmente muito bem construída
Devido a sua credibilidade adquirida
Ou por cegueira coletiva de apenas um olho,
Enquanto o outro faz vista grossa
Para a hiperrealidade
Que entorpece a mente e o corpo,
Já menos vivo do que morto.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Romântico

Daniel Braz

Aí, isto, aquilo,
O que não pode ser dito
Em si diz e para si ouve.
Consciente por princípio,
Eternamente pleno,
Existe.
Ele e eu somos idênticos.

Então permita-me, por um instante,
Realizar um produto desse romance,
Tentar tornar possível o que está fora do alcance,
Ter um filho com minha natureza.

Absoluto, pegue minha caneta
E escreva,
Transbordando sua tinta
De qualquer maneira.
Me transforme em santo
E faça milagre,
Sejamos um nesta obra de arte.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Fluxo e matéria

Daniel Braz

Desde o começo fluo,
Vazando águas mesmas
Que correm enquanto caem
E caem enquanto sobem,
Sobem enquanto nascem
E nascem enquanto morrem.

Se eu digo que sou, a verdade é que apenas fui,
E somo valores ao que em mim já se inclui.
Afinal, presente é passado criado,
O que em si é necessário,
Pois a natureza nunca dá saltos.

Mudar não é assim tão fácil,
E é preciso mais que um insight
Para libertar-se do que está atrás.
Só conhece a liberdade quem em si mesmo a faz
E vê que não é nada fugaz.

Fugaz é sṛṣṭi, sthiti, laya, é a roda de māyā.
Da ascenção à ascenção,
Do declínio ao declínio
Vai o saṁsara
Em que estamos presos enquanto corpos,
Enquanto moléculas na correnteza de um rio,
Fadadas a um ciclo interminável
Em que na realidade tudo é água.

Dancemos, então, no riso ou em lágrimas,
Entregues e gratos pelo que nos é dado
Já que somos a ação e o resultado,
O criador e o criado.
Prestemos atenção,
O que é eterno e infinito merece ser meditado.