quinta-feira, 4 de março de 2010

A Chave e o Cadeado

Quando era garoto, ganhei da minha melhor amiga um acorde maior com sétima maior e nona. Recebí-o alegremente, porém com um certo receio, pra não dizer temor. Pensei, "tenho em minhas mãos algo que me trará a felicidade plena, mas o que farei com seus relativos menores?".
Infelizmente, a mim nunca foi possível encontrar respostas. Digo isso porque o acorde que me foi dado está, até hoje, no interior de uma enorme caixa com cadeado, cuja chave não veio no pacote e da qual não se tem notícias.
É preciso, no entanto, frisar um detalhe: a caixa é tão grande que não cabe em nenhum dos meus bolsos, nem mesmo os da mochila. E mais, não há espaço para guardá-la nem no meu quarto, nem em nenhum cômodo da minha casa! Vocês se perguntam, "por que não se desfazer logo de um objeto tão inútil?!". Mas aí está. Quando encosto meu ouvido na caixa, ouço um ruído tão lindo, tão apaixonante, que sou incapaz de jogá-la fora.
Por uma causa nobre, então, carrego meu presente nas mãos, pra qualquer lugar que eu vá. Sim, a carga é pesada, eu admito e continuo achando que vale a pena suportá-la. Afinal de contas, quem sabe um dia minha amiga encontra a chave do cadeado?

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